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Auxílio emergencial deve injetar R$ 12,75 bi no varejo nacional, valor oito vezes menor do que em 2020, aponta CNC

O presidente da CNC, José Roberto Tadros, reforça que, apesar de a redução do benefício impactar o setor, o pagamento do auxílio é uma medida positiva para estímulo da economia e dá garantias à população. Ele acrescenta ainda que outros fatores corroboram a oscilação do poder econômico durante o período de crise.

“É preciso observar que a partir de setembro, quando o auxílio foi reduzido à metade, o varejo conseguiu manter as vendas aquecidas. Isso porque há fatores que também impactam a capacidade de consumo da população, como o nível de isolamento social, as condições de crédito e a inflação”, explica Tadros.

Fatores como nível de confiança e até mesmo a baixa base comparativa sobre o início da doença também influenciam, aponta a entidade.

Para o ex-secretário-executivo da Fazenda e Planejamento do Estado de São Paulo, Milton Luiz de Melo Santos, os recursos farão pouca diferença para negócios fora dos setores essenciais. “Essas famílias vão utilizar 100% dos recursos para alimentos. Quem está nessa cadeia são os supermercados. O varejo que não está associado a alimentos continua com as portas fechadas e com as receitas comprometidas pela falta da atividade”, disse.

Melo Santos também é presidente da ACCredito, fintech que oferece crédito para MEI e micro e pequenos empresários. Ele pontua que, apesar das dificuldades cada vez maiores das empresas para manter as atividades, houve aumento na oferta de crédito em 15,5% em 2020, para R$ 4,020 trilhões (entre pessoas físicas e jurídicas), segundo dados do BC.

Isso ocorreu justamente por conta de políticas públicas executadas pelo governo, como o Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe), que injetou R$ 37,5 bilhões para 516 mil micro e pequenas empresas.

Para o economista da Unicamp, Daniel Capitani, o consumo com o auxílio será destinado basicamente para a subsistência. “Veremos um impacto muito forte no pequeno varejo, embora o volume de vendas esperado seja menor. Se você tem um consumo maior de alimentos, isso é extremamente positivo porque os supermercados, as transportadoras de produtos e agricultores continuam produzindo e empregando pessoas”, disse.

Segundo ele, a alternativa para o governo equilibrar as contas públicas e auxiliar a população é criar alguns tipos de tributos sobre salários e lucros, mas em um nível que não prejudique a dinâmica da economia, além de promover o corte de gastos. “Resta ao governo fazer essas manobras com o que tem em vigência, já que imposto não se cria com tanta facilidade”, finalizou Capitani.

Nesta terça-feira (6/4), a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) estimou que o auxílio deve injetar R$ 1,54 bilhão no varejo paulista em abril, resultando em retração de 3% do setor no mês. No entanto, com as perdas de 23% em abril de 2020, os prejuízos acumulados entre este mês e o mesmo mês do ano passado devem atingir R$ 18 bilhões.

Segundo a FecomercioSP, os segmentos mais afetados serão as lojas de vestuário, tecidos e calçados (-68%), concessionárias de veículos (-56%), lojas de móveis e decoração (-41%), de eletrodoméstico e eletrônicos (-35%) e autopeças e acessórios (-12%). Em uma simulação de cenário sem o auxílio emergencial, a retração chegaria a 6%, e as perdas, a R$ 3,1 bilhões.

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Fonte: Revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios

Repórter: Fernando Barbosa

Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

Postado por comunicacao em 09/04/2021